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Não sei porque isso me ocorreu agora, mas ao passar a noite em claro lembrei-me de uma das poucas visitas que fiz ao meu avô, pouco antes do seu falecimento. Não mantive convivência com ele, sendo que só o conheci quanto tinha doze anos, talvez. Não nos abraçamos, não falamos sobre a minha vida nem sobre a dele. Percebo agora que a minha família do lado paterno é quase sempre assim, calada e muitas vezes considerada fria, incluindo eu, certamente.
Nesse encontro, numa única oportunidade em que estávamos sozinhos, olhei em seus olhos para tentar entendê-lo. Eu sempre prefiro tirar a primeira impressão de uma pessoa pelo olhar que ela carrega. Hoje, mesmo alguns anos tendo se passado eu posso lembrar claramente daquela expressão e consigo até mesmo avalia-la melhor. Eu vi naquele olhar um homem que sabia que estava chegando ao fim do seu caminho e que talvez até tivesse passado algumas noites pensando em todas as coisas que ele deveria ter feito, mas não fez. Havia um sentimento estranho, misturado com a curiosidade por estar revendo os filhos que sempre estiveram muito distante dele e seu neto, um rapaz naquela altura do campeonato. Fico imaginando se ele pensava sobre mim também. Eu nunca cheguei a conversar com ele.
Talvez seja apenas a minha imaginação, mas aquele olhar, repleto de sentimentos, certezas e dúvidas não era estranho para mim. Era o olhar que eu mesmo carregava algumas vezes, pensando no meu passado e ansiando o futuro. Olhos que pareciam se perder no tempo, vendo além do que estava naquele ambiente. Não importa o quão distante nós eramos nem o quão distantes estamos agora, algo dele está em mim, se desenvolvendo junto comigo à medida que eu trilho o meu caminho.
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